O Serviço Social da Indústria (SESI) e o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) são pioneiros na implementação da nova Lei do Ensino Médio (Lei 13.415/2017) com um currículo organizado por áreas de conhecimento e não por disciplinas, totalmente contextualizado à realidade dos estudantes e integrado à formação técnica e profissional. A nova metodologia começou a ser testada nesta segunda-feira, 29 de janeiro, em regime de experiência pedagógica no estado de Goiás. Na Bahia, as aulas começam nesta quinta-feira (dia 1º.02), com duas turmas na Escola SESI José Carvalho, em Feira de Santana. Até 15 de fevereiro, outros três estados – Espírito Santo, Ceará e Alagoas – iniciarão o projeto. Ao todo, 150 alunos serão envolvidos no projeto-piloto que, ao longo de três anos, formará jovens na área de Eletrotécnica.
A proposta pedagógica prevê que, no primeiro ano, já tenha início uma preparação para o mundo do trabalho que inclui formação genérica para as profissões da indústria, orientação profissional e desenvolvimento de competências socioemocionais. No segundo ano, além das áreas de conhecimento, os alunos terão acesso aos fundamentos e práticas de formação para a área industrial de energia. Já no terceiro ano, a carga horária prevista para a formação técnica e profissional é dedicada às aprendizagens específicas do curso Técnico em Eletrotécnica, com possibilidade de certificações intermediárias ao longo do itinerário formativo.
De acordo com o diretor-superintendente do SESI, Rafael Lucchesi, que também é diretor-geral do SENAI, a proposta curricular foi estruturada por competências e habilidades contextualizadas à realidade atual, constituindo-se em uma forma de estimular os estudantes a darem significado aos saberes e às atividades escolares. “A ideia da iniciativa é apresentar à sociedade uma proposta curricular inovadora, factível, replicável e alinhada com as diretrizes da nova Lei do Ensino Médio, podendo ser implementada futuramente, sobretudo, na rede pública de ensino”, destaca. “O SESI e o SENAI são instituições de excelência em educação, que agora buscam ser referência para outras redes. A nova lei do ensino médio trouxe oportunidades para avançarmos qualitativamente na formação de cidadãos e profissionais, mas precisamos saber implantá-la para efetivamente aproveitarmos todo o seu potencial”, declara.
O superintendente do SESI Bahia, Armando Neto, e o diretor-geral do SENAI Bahia, Luís Alberto Breda, destacaram a importância da escolha da Bahia como um dos departamentos regionais que vão testar a nova proposta pedagógica. Segundo eles, isso atesta o reconhecimento nacional do ensino de excelência que SESI e SENAI praticam no estado.
ESPECIALISTAS
Para a construção do novo currículo, docentes do SESI e do SENAI se reuniram com especialistas da área de educação, que estão auxiliando nesse trabalho de integração. Entre eles está o professor Genuíno Bordignon, da Faculdade de Educação da Universidade de Brasília (UnB). Segundo ele, o projeto Ensino Médio com Itinerário de Formação Técnica e Profissional do SESI e do SENAI permitirá o desenvolvimento de competências em que os alunos colocam em prática os aprendizados teóricos. A novidade, alerta, exigirá a preparação de professores com visão multidisciplinar para promover a integração das disciplinas e a aplicabilidade do conhecimento. “Se o conhecimento permite a aquisição de competências, aí sim, houve aprendizagem de fato. Se não é mera erudição”, destaca.
No projeto piloto, o SESI e o SENAI experimentam quatro modelos de gestão para a implantação da nova proposta. Em um deles, adotado em Alagoas e Goiás, serão oferecidas a educação básica e a educação profissional na mesma unidade. Em outra proposta, realizada no Ceará, a integração ocorrerá em uma unidade do SESI e outra do SENAI, próximas. No terceiro modelo, que será implantado no Espírito Santo, há uma série de unidades do SESI e uma unidade do SENAI trabalhando integradas. O arranjo mais complexo, que será adotado na Bahia, é focado na formação técnica e profissional mediada por tecnologia. “O docente estaria em um único ponto de transmissão para todas as unidades e, no outro ponto, os monitores fazem a mediação de aprendizagem”, explica o gerente-executivo de Educação Profissional e Tecnológica do SENAI, Felipe Morgado. A Bahia vai adotar esse formato.
De acordo com a educadora Guiomar Namo de Mello, que também integra o time de especialistas que ajudam o SESI e o SENAI na implementação do novo ensino médio, a competência mais importante para implantar a nova proposta, que servirá de modelo para o sistema educacional público, é a construção de confiança. “O SESI e o SENAI precisam se atentar a essa questão da formação de líderes, que são fundamentais para o sucesso de implementação do modelo”, avalia.
EXPERIÊNCIA
O SESI e o SENAI têm experiência de 18 anos na execução da Educação Básica articulada com a Educação Profissional (Ebep), que atende cerca de 32 mil alunos por ano em 22 estados. Esse modelo, que oferta cursos de educação profissional a alunos do ensino médio, foi uma base para avançar na proposta pedagógica integrada. Mas, enquanto no Ebep, o curso de educação profissional é ofertado no contraturno e a aprovação no ensino regular não está vinculada à aprovação no curso de educação profissional e vice-versa, a nova proposta prevê o currículo e sistema de avaliação e aprovação integrados na grade horária regular estabelecida em lei para o ensino médio. “Nesse caso, os alunos concluem o ensino médio e a educação profissional ao mesmo tempo”, esclarece o gerente-executivo de Educação do SESI, Sérgio Gotti.
Com informações da CNI