Yasmim Thasla Santos Ferreira, 18 anos, tinha 14 anos quando conheceu a robótica na escola. As equipes estavam se preparando para participar do Torneio SESI First Lego League (FLL) e precisavam de reforço na equipe de pesquisa. Yasmim era uma aluna aplicada e foi convidada a integrar um dos times da Escola SESI Djalma Pessoa, de Salvador. No FLL, o projeto de pesquisa é uma das etapas importantes de avaliação da competição, que a cada ano reúne em Salvador mais de mil estudantes de escolas públicas e particulares de diversos estados. A seletiva baiana antecede o torneio nacional, que este ano, será realizado no Pier Mauá, no Rio de Janeiro, de 15 a 17 deste mês.
Curiosa, Yasmim queria mais do que apenas participar do projeto de pesquisa. Aproximou-se da turma da programação e começou a se familiarizar com as linguagens de computador. Quando se sentiu pronta para assumir a mesa de rounds – em que o robô deve ser programado para de forma autônoma cumprir uma missão previamente definida – defendeu seu espaço. Assim, em 2017, acabou fazendo história e foi a primeira garota da escola do SESI a defender uma equipe na disputa de robôs em um torneio regional na Bahia. “Neste ano, minha equipe conseguiu uma das melhores pontuações na disputa de mesa”, lembra com orgulho Yasmim, que quebrava ali uma hegemonia e uma concepção de que só menino é quem gosta de programação.
Os anos passaram, Yasmim aperfeiçoou seus conhecimentos em robótica, experimentou modalidades diferentes de competições envolvendo programação e, com a maturidade alcançada, se prepara para no dia 13 de março, ao lado de outros nove colegas, embarcar para o Rio de Janeiro para defender a Bahia no Festival SESI de Robótica. Ela integra a equipe Hidra que vai participar do Torneio SESI FIRST Tech Challenge (Desafio tecnológico), uma das novas modalidades de competição na qual o SESI está ingressando – o SESI Bahia também vai estrear o Rio na Fórmula 1 In Schools (F1 nas escolas).
Yasmim é uma das 13 meninas, de uma delegação de 29 competidores, que vai representar a Bahia no Rio de Janeiro, disputando as três modalidades: o torneio FLL, o Tech Challenge e o Fórmula 1 In Schools. A delegação baiana também tem uma das técnicas mulher. A professora Simone Carleti é uma das técnicas da equipe Midas, da Escola SESI João Ubaldo Ribeiro, de Luís Eduardo Magalhães, que vai representar a Bahia no FLL, juntamente com a equipe Robolife, a Champions Awards do Torneio do SESI realizado na Bahia em 2018, integrada por estudantes do SESI do município de Candeias, escola de ensino fundamental da região metropolitana de Salvador.
Na avaliação de Yasmim, o SESI está no caminho certo ao estimular e abrir espaço para a mulheres. Para ela, o cenário está mudando e vem crescendo o número de meninas programadoras nos torneios estudantis de robótica, o que é uma forma de criar uma rede de contato para que gere referências a serem seguidas.
A estudante acredita que o fato de não haver muitas mulheres envolvidas com tecnologia é por falta de incentivo. “O SESI está permitindo que as meninas tenham acesso à tecnologia. Fico muito feliz e enxergo que meus técnicos foram extremamente importantes neste processo”, conta.
A experiência foi tão significativa para Yasmim que, ao final do terceiro ano, ela optou por continuar os estudos na área de programação. Ela concluirá, no final deste semestre, o EBEP, o ensino médio do SESI que articula ensino básico com educação profissional do SENAI como técnica de Informática em Desenvolvimento de Sistemas. Isso significa também que é a sua última competição representando o SESI Bahia. De olho em outras aventuras com robôs, ela também começou em 2018 o curso de Engenharia da Computação, no SENAI Cimatec e não quer parar por aí.
VALE DO SILÍCIO
A próxima aventura da estudante com a tecnologia está marcada para julho. Yasmim Thasla vai embarcar para os Estados Unidos para passar 10 dias em um programa de verão de uma universidade do Vale do Silício. Lá, ela terá a oportunidade de visitar grandes empresas, como Amazon e Google, e ainda conhecer várias tecnologias em realidade aumentada, que são de seu interesse para futuros estudos.
Para conseguir uma das 30 vagas ela teve que concorrer com mais de 10 mil estudantes do mundo inteiro. “Esta experiência vai agregar muito à minha vida profissional e é uma oportunidade de conhecer pessoas do mundo todo. Vai também ajudar a melhorar minha comunicação em inglês”, explica Yasmim.
Mas seu interesse mesmo é saber um pouco mais de tecnologia. “O programa da Silicon Valey Academy vai abordar aplicações tecnológicas sobre as quais eu estudo e leio muito e pretendo me profundar futuramente, numa pós-graduação. Acredito também que a conexão com outras pessoas vai ajudar muito para meus projetos futuros”, aposta.